Paraná

Denúncia

Professor é demitido por assédio em universidade federal no Paraná

Irã Dudeque era professor no curso de Arquitetura e Urbanismo na UTFPR. Caso vinha desde 2017

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Na portaria assinada pelo reitor da UTFPR, o motivo da demissão é “por prática de assédio”
Na portaria assinada pelo reitor da UTFPR, o motivo da demissão é “por prática de assédio” - Reprodução

Foi publicada no Diário Oficial da União, no começo deste mês, a exoneração do professor Irã Taborda Dudeque, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Na portaria assinada pelo reitor da instituição, o motivo da demissão é “por prática de assédio”.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná apurou que o caso é ligado a assédio sexual denunciado por alunas em outubro de 2017, em viagem feita a Ouro Preto (MG) e outras cidades históricas por uma turma do curso, em que o professor era o responsável. Segundo entrevistas, teria chegado embriagado a uma festa, feito perguntas íntimas sobre suas vidas sexuais, além de passar a mão em partes de seus corpos. 

Alguns dias após essa viagem, as alunas procuraram a comissão de ética da universidade, foram aconselhadas a fazer o relato do que aconteceu por escrito. Cinco alunas mandaram seus depoimentos, duas haviam sido assediadas, duas as tinham apoiado e conheciam outros casos de assédio do mesmo professor, além de outra que preferiu ficar anônima, mas também passou por constrangimento com Irã numa festa de calouros em 2015.

Após essas denúncias, foi aberta comissão de sindicância para avaliar o que ocorrera, que sugeriu a abertura de processo administrativo. Após a convocação de testemunhas dos dois lados, que duraram dois anos, a comissão processante indicou a demissão do professor, concretizada pela portaria assinada pelo reitor, no primeiro caso de demissão por assédio sexual em universidade federal do Paraná. 

Outro lado

A reportagem entrou em contato com o professor em seu número de telefone. A ligação não foi atendida e ocorreu novo contato via mensagem de WhatsApp, explicando o teor da reportagem e se gostaria de dar sua versão. A mensagem foi visualizada, porém não respondida. Ao final da tarde, quando uma terceira tentativa de contato seria feita, o número utilizado pela redação foi bloqueado pelo professor. O jornal está à disposição para que apresente sua versão dos fatos.

Universidade não se manifesta

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do campus Curitiba da UTFPR afirmou que não iria se pronunciar sobre o caso. Mas o BDF apurou que, além da exoneração, o processo foi enviado para o Ministério Público. 

Sindicato foi procurado

O Sindicato dos professores da UTFPR (Sindiutfpr) foi procurado por Irã Dudeque, que consultou um advogado da entidade, mas preferiu ser representado por um defensor particular durante o processo. 

Edição: Lia Bianchini