Paraná

Resistência

Acampamento de Castro comemora 4° aniversário com Festa da Semente Crioula, no Paraná

Comunidade produz de maneira agroecológica desde o primeiro dia de ocupação, mas agora estão sob ameaça de despejo

Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR | Curitiba (PR) |
Em tempos de liberação massiva de agrotóxicos, as família acampadas são um exemplo de produção de alimentos saudáveis.
Em tempos de liberação massiva de agrotóxicos, as família acampadas são um exemplo de produção de alimentos saudáveis. - Arquivo MST

Neste sábado dia (21/09) acontece a 2ª Festa da Semente Crioula no Acampamento Maria Rosa do Contestado, no bairro do Maracanã, no município de Castro, Paraná. A festa terá início às 9 horas, com palestra, culto ecumênico e o almoço a partir das 12h30. Também haverá o bolo para festejar o 4º aniversário do Acampamento, animado com baile a partir das 16h30. Todos os participantes estão convidados a levar suas sementes crioula para fazer a troca.

Em tempos de liberação massiva de agrotóxicos, as família acampadas são um exemplo de produção de alimentos saudáveis. Todas as 230 famílias do acampamento produzem de maneira agroecológica desde o primeiro dia de ocupação. A produção é diversificada, entre feijão, milho, trigo, soja, batata, trigo, aveia e hortaliças. 

Tendo em mãos a estimativa anual da produção, podemos ver que dentro de 4 anos os produtores conseguiram chegar ao um grande grau de plantação: no últimos ano foram 100 toneladas de milho, 650 toneladas de feijão de diferentes tipos, 1,2 toneladas de amendoim, 9 toneladas de arroz, 150 toneladas repolho.

As estufas para produção da cultura foram todas feitas de bambu e materiais mais resistentes e menos ofensivos à natureza. Hoje a comunidade conta com Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária Maria Rosa do Contestado (CMRC), para comercialização e auto sustentação das famílias. A comercialização na maioria das vezes é realizada de casa em casa, nas ruas do município de Castro, Carambeí e Ponta Grossa, e também em pequenos restaurantes.

Ameaça de despejo 

Apesar dos resultados significativos para as famílias e para a região, o acampamento está sob ameaça de despejo. A ocupação da área aconteceu em 24 de agosto de 2015, quando as famílias de trabalhadores rurais sem-terra ocuparam a fazenda Capão do Cipó, de propriedade da União, mas, que na época, estava sendo utilizada ilegalmente pela Fundação ABC, uma empresa de pesquisas filiada as cooperativas Castrolanda, Arapoti e Batavo.

Desde abril de 2014 havia um pedido de reintegração de posse contra a fundação ABC, com multa diária de R$ 20 mil reais. Mas, somente após a ocupação da área pelo MST, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) declarou interesse social para fins de reforma agrária, com o projeto de transformar as terras em assentamento, com referência na produção agroecológica e familiar. As famílias acampadas estão organizadas em núcleos de aproximadamente 10 famílias, a partir dos quais tomam decisões coletivas, organizam parte da produção e comercialização.

Educação e organização

No acampamento as mulheres se reúnem em um grupo auto-gestado semanalmente, para tratar de assuntos específicos das mulheres, bem como desenvolver atividades de artesanatos.

A comunidade produz se organiza para cursos formação política e de alfabetização de jovens e adultos. A juventude do acampamento também participa com frequência de cursos que promovem cultura, arte, lazer e formação política. A comunidade desenvolve atividades de literatura, cinema e batucada. 

As crianças do acampamento estudam em escolas de ensino fundamental e médio, fora do acampamento, distantes aproximadamente 15 quilômetros. Se deslocam até as escolas em transporte da Prefeitura Municipal.

Edição: Laís Melo