Paraná

SOS Amazônia

Queimadas cresceram 82% no Brasil em relação a 2018

Desde início do governo Bolsonaro, situação se deteriora

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Na sexta, 23, milhares de pessoas saíram às ruas de Curitiba no ato SOS Amazônia, Nossa Casa Está em Chamas.
Na sexta, 23, milhares de pessoas saíram às ruas de Curitiba no ato SOS Amazônia, Nossa Casa Está em Chamas. - Giorgia Prates

Nesta época de seca na Amazônia e em outras zonas de florestas do Brasil, a mata torna-se suscetível a incêndios. Porém, no caso das queimadas vistas no último mês, o fogo tem origem majoritariamente na ação predatória de fazendeiros, em busca de expansão das áreas de pastagem ou para plantações de soja, por exemplo. 

E a situação vem se agravando no governo Bolsonaro. Desde janeiro, foram registrados 71.497 focos de incêndio, um número 82% maior do que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 39.194 focos. Ao site G1, o pesquisador do programa de queimadas do Inpe Alberto Setzer enfatizou que a seca pode ajudar alastrar o fogo, mas que as queimadas são todas de origem humana. 

No sudoeste do Pará, fazendeiros chegaram a realizar um "dia do fogo", promovendo queimadas simultâneas às margens da BR 163, para chamar a atenção do governo de que "o único jeito que tem para trabalhar é derrubando". 

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se autointitulou "capitão motosserra" segue brigando com os dados divulgados pelo Inpe e já trocou o comando do Instituto, substituindo o físico Ricardo Galvão por um oficial da Força Aérea. 

Ato em Curitiba reúne milhares de pessoas 

Na sexta, 23, milhares de pessoas saíram às ruas de Curitiba no ato SOS Amazônia, Nossa Casa Está em Chamas. A manifestação começou no fim da tarde na praça da Mulher Nua (29 de dezembro) e foi em passeata até o Largo da Ordem, por cerca de 2 horas, com muita música, palavras de ordem e outras manifestações artísticas. O Brasil de Fato transmitiu a atividade ao vivo por sua página no Facebook.  

Queimadas têm impacto global 

Os resultados da destruição da Floresta Amazônica extrapolam os limites geográficos das localidades atingidas diretamente e podem causar impactos negativos em todo o planeta. Essa é avaliação do professor e pesquisador Wagner Costa Ribeiro, do curso de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, os impactos das queimadas que atingem a maior floresta tropical do mundo podem ser compreendidos em três níveis: local, nacional e global. 

Na escala local, há o empobrecimento do solo, que pode levar a um crescimento ainda maior das áreas desmatadas. A perda da biodiversidade como consequência da destruição da floresta, por sua vez, interfere na dinâmica atmosférica. 

O outro ponto destacado por Wagner Ribeiro é o impacto em escala global. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a Amazônia não é o “pulmão do mundo”, uma vez que a maior parte do oxigênio produzido pela floresta é absorvido por ela mesma. Mas, como destaca, as árvores têm um papel fundamental na regulação do clima global, uma vez que funcionam como um grande estoque de carbono (CO2). 

Queimadas não são naturais 

Wagner Ribeiro também afirma que as queimadas na Amazônia não são naturais e tratam-se de uma questão política. Ele elencou uma série de ações, que associadas ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, contribuíram para o cenário visto atualmente. Entre elas, o desmonte de instrumentos de fiscalização e a desqualificação de dados sobre desmatamento divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Edição: Laís Melo