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Restaurantes universitários da UFPR podem fechar e estudantes relatam dificuldades

Com os cortes de verbas nas universidades públicas, serviços básicos serão interrompidos já a partir de julho.

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Estudante de Ciências Econômicas, José Henrique Zem mora sozinho em Curitiba. Sem fogão e geladeira, faz todas as refeições no RU
Estudante de Ciências Econômicas, José Henrique Zem mora sozinho em Curitiba. Sem fogão e geladeira, faz todas as refeições no RU - Ana Carolina Caldas

O corte de 30% do orçamento da educação superior pelo governo Bolsonaro atingiu serviços básicos das universidades públicas. Já estão comprometidos serviços como manutenção de laboratórios, luz, água, limpeza, infraestrutura em geral e o funcionamento dos restaurantes universitários (RUs). A reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em nota, comunicou que se o contingenciamento for mantido, já a partir de julho os 10 Restaurantes Universitários serão fechados por falta de recursos para mantê-los.  O custo é de $1,30 o almoço e jantar e $0,50 o café da manhã, um preço ainda acessível. Em 2018, segundo dados da UFPR, foram mais de 2 milhões de refeições no ano.    

Uma grande maioria dos estudantes faz as três refeições diárias e só assim consegue se manter estudando. Com a possibilidade de paralisação do funcionamento, muitos não sabem como continuarão estudando. É o caso do calouro de Ciências Econômicas, José Henrique Zem, 22 anos, que é de Mato Grosso e mora sozinho em Curitiba. “Moro em uma quitinete, não tenho fogão, nem geladeira em casa, e o RU me ajuda na minha alimentação.”  Questionado como fará, se no segundo semestre não tiver mais acesso a estas refeições diárias, diz não saber o que fazer. “Eu ainda não sei muito bem o que vai acontecer. Não comecei me preparar para isso por falta de dinheiro. Acho que terei que comer de favor na casa de amigos.” 

Já para Fernanda dos Santos, estudante de Engenharia Mecânica desde 2016, o restaurante é necessário porque ela é bolsista e trabalha o dia inteiro na Universidade e estuda à noite.  “Sem o RU fica muito difícil. Não teria condições com uma alimentação em um shopping ou restaurante próximo.” Outro bolsista, Gabriel Bernardes, 24 anos, estudante de História, diz que a notícia do fechamento o pegou de surpresa, já que o acesso à alimentação lhe dá melhores condições de estudo e trabalho. “Trabalho na Biblioteca da universidade, chego cedo, tomo o café da manhã, almoço e janto no RU porque estudo à noite. Sem o RU, vai ser bem complicado, vai fazer falta para mim.” 

Haverá também cortes em outras áreas da UFPR. Nas unidades administrativas – pró-reitorias, setores e demais unidades – a previsão é de redução de 30% no orçamento, bem como em atividades acadêmicas – aulas de campo, laboratórios de graduação, entre outros. 

 

Pró Reitoria lança edital emergencial para alunos carentes. 

No caso dos RUs, a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) lançou edital para atender exclusivamente alunos carentes no mês de julho. O restante da comunidade universitária não terá mais à disposição as refeições vendidas ao preço simbólico de R$ 1,30. Além da comprovação de vulnerabilidade social, outro critério é o registro de que o aluno tenha feito uso do RU pelo menos 20 dias por mês nos últimos três meses, o que será possível verificar por meio do sistema de acesso aos restaurantes, que tem como base um cadastro dos usuários em que constam documentação e foto. O estudante precisará ainda justificar a necessidade de permanência na cidade em que está vinculado ao curso durante o período de férias. 

Edição: Frédi Vasconcelos