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Coluna | Observatório dos conflitos registra atos em defesa da educação pública

Confira o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana em maio

Curitiba |
Manifestações em Curitiba contaram com milhares de participantes
Manifestações em Curitiba contaram com milhares de participantes - Giorgia Prates

Como resposta à ameaça de cortes de verbas na educação pública por parte dos governos federal e estadual e contra a reforma da previdência, a comunidade acadêmica, entidades representativas e movimentos sociais do país se organizaram em dois grandes atos nacionais, no dia 15 e 30 de maio. As atividades também foram preparatórias para a greve geral de 14 de junho. Para tanto, diversas manifestações em nível local antecederam a paralisação nacional do dia 15 de maio.
No dia 8, cerca de 5 mil alunos da UTFPR, UFPR e IFPR realizaram em Curitiba uma passeata em defesa da educação. Com o objetivo de atrair atenção ao grande perigo que esses cortes representam e para agregar força aos atos nacionais, os manifestantes se reuniram em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, de onde se dirigiram até a Praça Rui Barbosa e então até a UTFPR e ao IFPR, bloqueando ruas e empunhando cartazes como “Tira a mão da Federal”, “Fora Bolsonaro” e “Em Defesa da Educação”.
Na mesma semana (10), alunos da UTFPR realizaram o ato “UTF é isso”, que ocorreu na Rua XV de Novembro, próximo ao Bondinho, com o objetivo de expor diversos trabalhos realizados na universidade para a população, divulgando a produção de ensino, pesquisa e extensão. Seguindo um conjunto de atos locais, o Diretório Acadêmico dos Estudantes (DCE), Programa de Educação Tutorial (PET) e Programa de Pós-Graduação da UFPR organizaram, no dia 14 de maio, o movimento “universidade na Rua: Conhecimento contra os cortes na educação”, expondo em vários pontos da cidade diversos trabalhos produzidos na instituição e projetos de pesquisa que possuem influência direta na melhoria e qualidade de vida da sociedade.

Movimento Nacional
A Greve Nacional da Educação, no dia 15 de maio, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), tornou-se um marco na defesa da educação brasileira, reunindo 1 milhão de manifestantes em cerca de 200 cidades brasileiras. Na capital paranaense, dois grandes atos ao longo do dia reuniram mais de 30 mil pessoas, que protestaram contra os cortes na educação pública e também em defesa dos direitos dos trabalhadores ameaçados pela reforma da previdência.
Logo pela manhã, o ato, organizado por reitores e centrais sindicais, bem como organizações estudantis, reuniu milhares de estudantes universitários, de pós-graduação e do ensino médio, professores, técnicos, movimentos sociais e apoiadores da luta em frente ao prédio histórico da UFPR, onde se iniciou uma passeata em direção ao Centro Cívico, passando pela Marechal Deodoro, Marechal Floriano, Praça Tiradentes e Cândido de Abreu, até chegar à Praça Nossa Senhora de Salete. Lá, os manifestantes permaneceram reunidos em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual.
Já no protesto da noite, a presença dos estudantes, diretamente impactados pela redução das verbas, foi ainda maior. Além de estudantes da UFPR, participaram alunos da UTFPR e do IFPR, além de alunos da Unespar. A concentração aconteceu novamente na Praça Santos Andrade, onde se iniciou uma caminhada pela rua Alfredo Bufren com destino à reitoria da UFPR.
No segundo grande ato nacional em defesa da educação (30), aproximadamente 15 mil manifestantes se reuniram em frente ao prédio histórico da UFPR, conforme levantamento do Observatório de Conflitos Urbanos de Curitiba. O ato foi organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e sindicatos das universidades.
Mesmo sob forte chuva, foi colocada nova faixa com os dizeres “EM DEFESA DA EDUCAÇÃO”, pendurada nas colunas da universidade. A anterior havia sido arrancada no dia 26 por manifestantes defensores do governo Bolsonaro. Para Ricardo Marcelo Fonseca, esta atitude foi “um elogio ao obscurantismo e à ignorância.” A faixa se tornou símbolo da defesa da educação no país, tendo sido reproduzida em diversos campi e outras universidades, como a UTFPR e a Universidade Federal do Espírito Santo. Após a reinauguração da faixa, os estudantes e professores seguiram em grande caminhada pelo centro de Curitiba, passando pela rua Marechal Deodoro e cessando na Boca Maldita. Durante o ato, diversas palavras de ordem contra o governo federal, como “se você paga, não deveria, educação não é mercadoria”, “é previdência, é educação, tira do povo, mas não tira do patrão”, “Doutor eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano”, além de outros.


Não à mordaça
Outro evento significativo para a educação no estado do Paraná foi a votação do projeto “escola sem partido”, também conhecido como “lei da mordaça”, que passou por audiência pública, na Comissão de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da Alep no dia 29. A audiência contou com a presença de alunos e professores contrários ao projeto, que permaneceram “amordaçados” durante a sessão. A proposta é considerada inconstitucional pelo Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil, e foi apresentado por deputados da base de apoio do governo Bolsonaro, porém continua sem uma decisão, pois a votação foi adiada para o final de junho.

Greve geral 14 de junho
Os movimentos nacionais no mês de maio fortaleceram as mobilizações para a Greve Geral dos Trabalhadores, marcada para 14 de junho, que além de reafirmar o repúdio nacional aos cortes no ensino e ataques contra a educação, tem como principal propósito barrar a aprovação  da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019, do governo de Jair Bolsonaro (PSL), que acaba com a aposentadoria de milhões de trabalhadores, especialmente os mais pobres, as mulheres, as professoras e os professores.
Essas manifestações demonstram, ainda, que sob a ótica deste governo, em que são tomadas diversas medidas que prejudicam a educação, pesquisa e desenvolvimento, diversos segmentos estão dispostos a lutar pela universidade pública e por uma educação acessível e verdadeiramente emancipadora. Cortar recursos da educação é suspender a produção de conhecimento e desenvolvimento. Como provado, as universidades públicas não são problema no país.

Edição: Frédi Vasconcelos