Paraná

Coluna

Luzes na Cidade | Eu, velho

Desde criança, sempre fui velho. Ou melhor, sempre convivi com os velhos.

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Porém, os velhos não: eles não têm por que se agarrar na insegurança, por já terem feito tanto.
Porém, os velhos não: eles não têm por que se agarrar na insegurança, por já terem feito tanto. - Gibran Mendes

Desde criança, sempre fui velho. Ou melhor, sempre convivi com os velhos. Ou, mais que isso, sempre admirei suas narrativas seguras sobre o mundo. A ausência de ansiedade. O escritor Tolstoi dizia que os jovens têm o direito de ser conservadores. Porém, os velhos não: eles não têm por que se agarrar na insegurança, por já terem feito tanto. Podem se arriscar mais. Eu mesmo, criança, caminhava lentamente guiado por minha vó pelas esquinas da São Paulo dos anos 80, entre cães que admirávamos nos portões de casas de peles e paredes desgastadas, com a mesma curiosidade e sem medo algum naquela época. Acho que ainda cresci sob a cultura da admiração aos antigos, mas não sei se hoje isso impera no mundo da mercadoria rápida e descartável. Mas a resistência também tem raízes na velhice. Não é à toa que a juventude admira hoje as “loucuras” consequentes de Eduardo Suplicy, Luiza Erundina, Bernie Sanders, Pepe Mujica, Lula (mesmo como preso político). Precisamos da força e disposição dos jovens para mudar este país, mas alçamos vôos amparados pelas asas firmes desses velhos sonhadores!

Edição: Laís Melo