Paraná

DIREITO À MORADIA

Famílias têm casas demolidas e agora temem perder materiais

Em Santa Felicidade, região de Curitiba, cinco famílias foram surpreendidas por ação de despejo

Brasil de Fato I Curitiba |
A gestão municipal reconhece que não tem qualquer proposta de moradia para as pessoas
A gestão municipal reconhece que não tem qualquer proposta de moradia para as pessoas - Giorgia Prates

Walter Costa dos Santos, prestador de serviços, é integrante de uma das cinco famílias que denunciam despejo forçado realizado, ainda no dia 10 de abril, pela prefeitura de Curitiba, em área localizada no bairro Santa Felicidade, na rua Wanda Wolf, em frente ao colégio Sônia Kenski.

O cenário do local é desolador. Santos denuncia que três casas já foram demolidas, duas ainda resistem, e a demolição teria usado violência, de acordo com ele. Restos do que foram casas e pertences se amontoam no terreno onde trafegam soltos animais de estimação.

O relato dos moradores é de que o despejo forçado do dia 10 foi executado com apoio de viaturas da guarda municipal, com uso de força e violência verbal. “Armas de grosso calibre, ameaças e grande contingente”, afirma moradora. Não houve tempo para moradores, caso do senhor Walter Santos, retirar as coisas de casa, algumas delas estão debaixo de uma tenda improvisada de lona. As famílias seguem a vida em trailers antigos no local, mas têm medo das ações futuras, seja de despejo, seja de retirada do material das casas que pertencem a elas.

As pessoas de local afirmam que não foi apresentada, na ocasião do despejo, liminar de reintegração de posse. Em resposta ao Brasil de Fato, prefeitura de Curitiba, de acordo com assessoria de comunicação, contesta esse episódio, confirmando a presença do oficial de justiça no local. Porém, a gestão municipal reconhece que não tem qualquer proposta de moradia para as pessoas, além de abrigo provisório.

O terreno pertence ao município. Santos, porém, comenta que as famílias estão ali desde o começo da década de 90 e que sempre prestaram serviços para a gestão. No caso de Santos, o prestador de serviços trabalha com o aluguel de lonas para eventos e atividades culturais.  

“Meu advogado me garantiu que a prefeitura não podia mexer comigo, estou na área desde 1993, área ocupada em projeto com a Fundação Cultural, com a qual trabalhei em parceria. Eu montava lona para a Fundação, fomos ficando. Ajudei o (Rafael) Greca até na campanha dele”, relata Santos.

A prefeitura, por sua parte, argumenta que “a Fundação de Ação Social FAS ofertou acolhimento provisório e transporte até o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), onde seria feita entrevista social, e depois até a unidade que ofertaria abrigo”.

Edição: Pedro Carrano