Se não fosse Lula, esse processo estaria morto há muito tempo
Representando um grupo de promotores e procuradores de Justiça, Afrânio Silva Jardim, que esteve no Ministério Público por 31 anos, concedeu entrevista na saída da visita que fez ao ex-presidente Lula, no começo de abril, e declarou que usam o nome da Lava Jato como um carimbo em vários casos que não têm nada a ver. "Mas se o tribunal soltar, é porque é a favor da corrupção. É uma estratégia da mídia, da direita, do sistema financeiro, muito bem articulada.”
Afrânio diz também que os tribunais e o MP acabam entrando nesse jogo por uma questão ideológica. “No MP, hoje, 60% são de direita ou de extrema direita... Muitos nos tribunais superiores também são anti-PT, antissocialistas. A questão política contamina a imparcialidade.” E conclui, “Se não fosse o Lula, esse processo estaria morto há muito tempo.”
Sobre o aspecto técnico, diz que se um aluno dele na Universidade Estadual do Rio de Janeiro tivesse feito a primeira denúncia contra Lula estaria reprovado. “A denúncia é inepta, incompetente... Mas os tribunais fecham os olhos para isso”, comenta.
Diz que não se sabe nem qual é a acusação. “Usam vários verbos, Lula aceitou, Lula adquiriu, Lula dormiu, Lula recebeu... A acusação é genérica e varia de acordo com os acontecimentos. No último depoimento, o ex-presidente foi se defender, ‘O sítio não é meu’, e a juíza falou que a acusação não era essa. Que estaria sendo acusado pelas ‘obras do sítio’. Mas então mudou a acusação? A acusação é genérica, ampla, kafkaniana.”
Edição: Laís Melo