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Na vigília

Entrevista | Paulo Pimenta: “A política adotada por Bolsonaro é antinacional”

Deputado federal critica a PEC da Previdência e a postura do governo federal em relação à Venezuela

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Ao lado da deputada Gleisi Hoffmann, Pimenta denunciou medida que retira proteção de 600 itens da indústria brasileira
Ao lado da deputada Gleisi Hoffmann, Pimenta denunciou medida que retira proteção de 600 itens da indústria brasileira - Ricardo Stuckert

Paulo Pimenta, deputado federal (PT-RS), esteve na Vigília Lula Livre no dia 28 de fevereiro, após visita ao ex-presidente Lula (PT) em Curitiba (PR). Em entrevista ao Brasil de Fato, ele afirma que as políticas no plano internacional e a proposta de reforma da Previdência mostram à população o caráter antinacional e antipopular do governo Bolsonaro (PSL).

Confira os melhores momentos da conversa:

Brasil de Fato Paraná: Bolsonaro acaba de receber Juan Guaidó, que se autodeclara presidente da Venezuela. Como você analisa essa postura do governo brasileiro?

Paulo Pimenta. O Brasil cumpre um papel de submissão aos interesses norte-americanos e essa política adotada pelo governo Bolsonaro é uma política totalmente antinacional. Ele recebe o Guaidó para fazer parte de uma trama internacional que interessa aos interesses norte-americanos. O objetivo é se apropriar das reservas de petróleo da Venezuela. Ao mesmo tempo, o Diário Oficial traz uma medida que retira alíquotas de importação que protegem 600 itens da nossa economia, trazendo um enorme prejuízo para a indústria brasileira.

Diante de um governo que desmonta direitos sociais, trabalhistas e nacionais, a bandeira "Lula Livre" pode ganhar força?

Eu acho que existem dois elementos novos na conjuntura. O primeiro é essa nitidez, na política internacional do governo Bolsonaro, que permite que a sociedade faça uma leitura acerca da perda da soberania. Quer dizer, o papel que o Brasil exerceu durante o governo do presidente Lula, no Mercosul, na Unasul, no G8, no G20, no Brics, tudo isso foi colocado por terra, e mudou o posicionamento internacional do nosso país. Por outro lado, o tema da reforma da previdência mostra as consequências do golpe e faz com que as pessoas percebam como que isso afeta a sua vida.

Esse seria o outro mote para debate com a população?

O tema da reforma da Previdência tira do plano da discussão teórica as consequências do golpe e faz com que as pessoas percebam como isso afeta a sua vida. E a proposta de destruição da previdência pública atinge especialmente as camadas mais humildes da população. Os idosos, carentes, os trabalhadores e as trabalhadoras rurais, os aposentados no INSS. E ela é absolutamente covarde em relação aos grandes privilégios, ela não fala em regulamentação dos supersalários, do teto salarial, do combate aos grandes sonegadores, a proposta não fala sobre acabar com o privilégio das grandes pensões. Então, à medida que o povo percebe isso, ele se dá conta que o governo Bolsonaro é um governo antipovo.

Então, nós entendemos que a reforma da Previdência é uma oportunidade de retomarmos a ofensiva da luta política, porque nós podemos percorrer o Brasil, falando com as pessoas, diferente do que é numa campanha eleitoral, que você vai para pedir alguma coisa, você não vai para pedir nada, vamos para dialogar com as pessoas, para mostrar a importância da resistência e para fazer o link entre o impeachment da Dilma, a prisão do Lula e a reforma da Previdência. Para que elas entendam que isto que está acontecendo, só foi possível, porque teve o impeachment contra a Dilma e porque impediram o Lula de ser candidato.

Edição: Daniel Giovanaz