Paraná

Casas incendiadas

Casas começam a ser reconstruídas em comunidade incendiada no Paraná

Mutirão e ONGs vão levantar 69 moradias emergenciais na comunidade 29 de Março, incendiada após ação da Polícia

Curitiba |
Dona Rosa, com o neto, na casa que está sendo construída: "Me sinto muito feliz."
Dona Rosa, com o neto, na casa que está sendo construída: "Me sinto muito feliz." - Frédi Vasconcelos

Exatamente duas semanas após o incêndio que queimou tudo o que dezenas de famílias tinham, na sexta-feira, 21, começou a ser levantada a primeira casa da Comunidade 29 de Março, na Cidade Industrial, em Curitiba. Montada ainda de maneira provisória e com materiais doados, a casa receberá dona Rosa Maria Justino.
“Me sinto muito feliz, morar na minha casinha. Só não vou mudar ainda porque não tenho móveis. Mas vamos dar um jeito”, diz, ao lado de seu neto. Mas o incêndio continua em sua cabeça.”Na quinta-feira passamos um terror, mas na sexta foi pior. Falamos para eles (policiais) que eles estavam fazendo terror aqui e o que ouvi foi: ‘Terror vocês vão ver de noite, nós vamos tacar fogo.’ Os policiais que estavam agressivos mesmo eram os militares”, relata.
Essas primeiras casas são provisórias e estão sendo construídas por militantes e a partir de doações, como explica Paulo Bearzoti, do Movimento por Moradia, MPM. “O grande desafio era a retomada da construção. Foram feitas várias doações de materiais e em dinheiro via ONGs e vaquinhas virtuais. Parte desses recursos já foi empregada para a compra de material, que chegou hoje. E, numa espécie de mutirão, estamos começando a reconstrução da nova 29 de Março.”
Além dessas primeiras construções, no final de semana a ONG latino-americana Teto, que faz habitações de emergência, reunirá cerca de 150 voluntários para, em dois dias, construir 21 moradias a partir de um modelo já utilizado em situações de emergência, como terremotos no Chile, El Salvador e México.

Número de casas incendiadas muda
Desde o incêndio foram divulgados diversos números de famílias que perderam suas casas. No levantamento feito para cadastrar os moradores que voltarão para a 29 de Março, chegou-se ao total de 69 famílias. Dessas, 21 terão casas construídas pelo Teto e outras 48 serão levantadas com doações e trabalho em mutirão. Há casas que não chegaram a queimar totalmente e voltarão a ser utilizadas, levando o número de famílias afetadas para cerca de 100

Prefeitura não ajuda
Perguntado se a Prefeitura vem ajudando os moradores que perderam suas casas no incêndio, o coordenador geral das ocupações da CIC, Chocolate, disse que em reunião de que participou na Câmara dos Vereadores, a Prefeitura ofereceu apenas aluguel social de R$ 350 mensais, o que, segundo ele, “não dá para pagar nenhum aluguel, é uma ajudinha de custo. Mas ninguém recebeu ainda, as pessoas estão ficando em casas de parentes.”
 

Edição: Ana Carolina Caldas