“O objetivo principal foi disputar a narrativa com a mídia tradicional, sair do senso comum e levar as informações sobre a Lava Jato com uma linguagem acessível à população”, diz Daniel Giovanaz, jornalista do Brasil de Fato e autor do Livro “Dossiê Lava Jato: um ano de abordagem crítica. ” A obra foi lançada nesta terça, dia 18, no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Mais de 80 matérias integram o livro trazendo uma abordagem crítica sobre a Lava Jato.
“ A cobertura do Brasil de Fato fugiu do senso comum que foi construído ao redor da Lava Jato. A mídia tradicional enalteceu figuras e por sua vez recebeu vazamentos privilegiados do próprio judiciário. O que nós fizemos foi trazer o outro lado, uma pluralidade de vozes que foram desconstruindo a versão transmitida diariamente. ”
Daniel revelou no livro o outro lado da operação, trazendo análises sobre abusos do Judiciário, os vínculos entre a figura de Sérgio Moro e sua formação vinculada aos EUA e as inconsistências no julgamento do caso tríplex. Além destas e outras análises, o autor buscou a pluralidade de vozes para suas entrevistas semanais.
Pluralidade de vozes para explicar a Lava Jato
“Entrevistei juristas, economistas e políticos colocando vozes diferentes sempre atrás do objetivo de fazer o jornalismo crítico, que é a nossa função," explica Giovanaz. Um dos entrevistados foi o economista Luiz Gonzaga Belluzo, que analisou o aumento do desemprego provocado pela Lava Jato. “Na reportagem, Belluzo analisa que a quebra de contratos determinado pelo Juiz Sérgio Moro, sem fazer esta análise dos impactos, provocou milhões de desempregados, ” cita Daniel.
“Viviane Neves Gomes, 42 anos, está à procura de emprego. Encarregada de andaime nas sobras do estaleiro do Rio Grande, no litoral gaúcho, ela trabalhava desde 2012 para a empresa Engevix Construções Oceânicas (Ecovix). Há sete meses, os patrões convocaram uma assembleia e anunciaram a demissão de 3,2 mil operários. (...) A Engevix é uma das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato por pagamento de propina em contratos com a Petrobras. (Trecho do capítulo do livro “Obra parada, trabalhador demitido: quem paga a conta são os mais pobres)
Entre as matérias, também estão as opiniões e análises de juristas sobre os abusos jurídicos cometidos na Lava Jato. Condução coercitiva e o julgamento do TRF4 são alguns dos temas abordados no livro. Um dos entrevistados, o advogado Carlos Marés, presente no evento de lançamento, elogiou a obra e disse que a Lava Jato não combateu a corrupção. “Sem dúvida, o objetivo da Lava Jato não era combater a corrupção. Não se combate assim a corrupção sistêmica que está aliada ao sistema econômico. E, o aceite do Moro para ser Ministro é a prova disso”, afirma Marés.
Edição: Fredi Vasconcelos