Paraná

ELEIÇÕES PARANÁ

Beto Richa “some” no Debate da Band

Ratinho e Cida tentam se descolar da imagem do ex-governador

Curitiba (PR) |
Debate entre os candidatos ao governo na Band Paraná
Debate entre os candidatos ao governo na Band Paraná - Henry Milléo

EX-GOVERNADOR DISTANTE | O ex-governador Beto Richa (PSDB) foi o principal personagem do debate entre os candidatos ao governo do Paraná realizado pela Band. O encontro da noite de quinta (16) que se estendeu até a madrugada desta sexta (17) reuniu seis dos dez candidatos registrados na corrida eleitoral. A associação de alguns concorrentes a imagem do tucano e, especialmente a tentativa de escaparem dessa pecha, deu a tônica do espetáculo. Os alvos principais foram, obviamente, a sua vice e hoje atual governadora Cida Borghetti (PP) e Ratinho Jr (PSD), ex-secretário de Desenvolvimento Urbano do governo do Paraná.

MÃE DO CAMBURÃO | Cida Borghetti foi a grande derrotada do debate, especialmente na disputa particular com Ratinho. Os dois despontam como favoritos e ambos são associados a desastrosa gestão do governo Richa. Visivelmente abalada pelas associações com o tucano, Cida não conseguiu desenvolver suas falas e gaguejada o tempo todo ao tentar rebater críticas ao atual governo. Usou a nomeação da primeira mulher no comando da PM como palanque para angariar votos femininos e tentou vender a ideia que “descongelou” a data-base dos servidores públicos, quando na verdade ofereceu 1% de reposição para uma categoria que tem uma defasagem de quase 12% de perdas salariais. Como resposta recebeu o apelido de “mãe da bancada do camburão” em referência a bancada de apoio ao governo na Assembleia Legislativa.

BOLSONARISTA | Ogier Bucchi jogou para torcida bolsonarista tentando capitalizar a imagem do candidato à presidente. Discursou para os eleitores conservadores. Defendeu que as pessoas devem andar armadas e que a polícia deve “descer o relho na bandidagem”. Apesar de algumas “recaídas” ao citar duas vezes a “Bella ciao” (hino dos partisans), Bucchi repetitivamente se declarava um “homem de direita e liberal”. Mas ao final a impressão foi a mesma de outras eleições, que sempre entra em campo para ser uma candidatura “laranja” de um candidato governista. No caso de ontem, de Ratinho Jr, com quem trocou figurinhas e até agradeceu por ter trabalhado nas empresas da família Massa.

O ALIADO DO TEMER E CUNHA | João Arruda, o candidato do MDB, tentou se apresentar como o “maior opositor de Richa” no debate, mirando sua artilharia para Cida e Ratinho. Mas ao mesmo tempo que enaltecia ser adversário do tucano, os candidatos da esquerda – Doutor Rosinha e Professor Piva – faziam questão de lembrar de sua proximidade com Eduardo Cunha e Michel Temer. Apesar de tentar colar sua imagem ao “MDB de guerra”, Arruda não lembra em nada o tio, Roberto Requião. A não ser por alguns trejeitos que parecem ensaiados. Foi bem na tarefa de associar Ratinho e Cida ao desastroso governo Richa, mas a imagem de apoiador do golpe foi a que ficou. No debate foi lembrado que Arruda foi um dos deputados que votaram pela rejeição do relatório que autorizada as investigações contra Temer e que votou a favor da reforma trabalhista, a qual o próprio Arruda declarou ter “promovido avanços”. Também disse que caso a reforma da Previdência fosse ao plenário votaria contra. Será?

BARBA BRANCA | Dr Rosinha (PT) foi pouco acionado pelos demais candidatos e suas intervenções nos primeiros blocos não empolgaram. Melhorou nos últimos blocos ao desmascarar a tentativa de Ratinho se apresentar como “novo” e o desestabilizou quando propositalmente lhe chamou de Beto Richa. Em resposta, Ratinho Jr citou que um homem com “barbas brancas não poderia fazer esse papel de ironia num debate”. O petista retrucou dizendo que no “humor e ironia carregam-se verdades”. Experiente, o médico conseguiu apresentar as bandeiras do Partido dos Trabalhadores, defendeu um estado forte e terminou sua participação fazendo uma saudação ao ex-presidente Lula.

RATUCANO | Desde o início o candidato Ratinho Jr (PSD) quis se apresentar como o “novo na política”. Destacou que o Paraná tem sido governado por poucas famílias em sua história, apontou que o Estado passa por uma crise e que “há pessoas passando fome no Paraná”. Nada mal não fosse o fato de Ratinho estar neste governo até pouco tempo. Apesar de mostrar bom preparo, Ratinho é o típico candidato preparado por grandes marqueteiros, algo que lembra em muito Beto Richa. Propostas, discursos e gestos muito parecidos com o tucano. E é essa imagem que ele quer descolar. Se fez de desentendido ao ser associado por Piva à bancada do camburão e ficou irritado com a ironia do Dr Rosinha que “confundiu-se” e lhe chamou de Beto Richa. Apesar de todo marketing do “novo” é impossível o dissociar do ex-governador.

O PISTOLA | Ao melhor estilo PSOL, Professor Piva foi o franco atirador que mirou a munição em Cida e Ratinho Jr. O socialista deixou de lado o estilo “sociedade alternativa” do Rauzito que marcou seus jingles de campanha ao Senado (Piva, Piva, Piva…) e partiu para cima da dupla associada ao tucano. Lembrou da relação dos principais favoritos à disputa com o fatídico 29 de abril e com a bancada do camburão na Alep, apontou que durante os últimos 8 anos o PCC assumiu o comando das penitenciárias do Paraná e falou dos retrocessos na área da educação. Foi bem nas críticas, mas não apresentou propostas. Preferiu ser o candidato pistola.

Edição: Pedro Carrano