Protesto itinerante

Caravana Contra a Fome chega a Curitiba e divulga carta para Lula

Integrantes da Caravana repudiam a prisão política de Lula e relembram o compromisso do ex-presidente

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Integrantes da Caravana Semiárido Contra a Fome durante sua passagem por Belo Horizonte
Integrantes da Caravana Semiárido Contra a Fome durante sua passagem por Belo Horizonte - Foto: Indi Gouveia / ASA Minas

Nesta quinta-feira (2), a Caravana Semiárido contra a Fome, que partiu de Caetés (PE) no dia 27 de julho, chegou a Curitiba (PR), onde integrou-se à Vigília Lula Livre, acampamento permanente nas proximidades da Superintendência da Polícia Federal que cobra a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, detido no local há 116 dias.

Os mais de 100 integrantes, que já percorreram cerca de 3 mil km e realizaram atos políticos em Bahia e Minas Gerais, ficam na capital paranaense até amanhã (3). Baiano de Juazeiro, Cícero Félix, integrante da coordenação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), leu uma carta produzida pelos integrantes da caravana que será enviada a Lula.

Na carta, os integrantes da Caravana repudiam a prisão política de Lula e relembram o compromisso do ex-presidente com os mais pobres. “Temos sentido de forma efetiva o peso dos cortes das políticas sociais e dos programas de convivência com o Semiárido e desenvolvimento rural, também na reforma agrária e na garantia dos territórios dos povos tradicionais, inexistentes neste governo fruto do golpe de 2016”, afirma um trecho do documento.

A carta também reconhece o compromisso ético e histórico de Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff com as políticas públicas de convivência com o Semiárido, como a implementação de mais de 1 milhão de cisternas, por exemplo. De Curitiba, a Caravana segue para Brasília, onde realizará intensa agenda de atos em denúncia da volta da fome ao Brasil. 

Ao final, serão 13 dias de jornada através de quatro regiões brasileiras.

Confira a íntegra da carta:

 

CARTA DA CARAVANA DO SEMIÁRIDO CONTRA A FOME

Curitiba, Paraná, Brasil, 2 de agosto de 2018.

Querido presidente Lula,

Somos Marias, Joões, Josefas, Lindús e Luízes vindos do Semiárido brasileiro para manifestar nossa solidariedade a você que é um dos nossos. Viemos em Caravana, saindo de Caetés-PE no dia 27 de julho, passando por Feira de Santana-BA, Belo Horizonte-MG, Guararema-SP. Viajamos cerca de três mil quilômetros para chegar até aqui, onde permaneceremos em vigília por dois dias (02 e 03 de agosto) no Acampamento Lula Livre. Trazemos também nossa indignação. Dói em nós, povos do Semiárido, vivenciar com você a sua prisão política motivada pelo seu compromisso histórico com os mais empobrecidos deste país e com a classe trabalhadora, pela garantia de justiça social.

Nos preocupa muito o crescente desmonte das políticas públicas que segue de forma acelerada. Temos sentido de forma efetiva o peso dos cortes das politicas sociais e dos programas de convivência com o Semiárido e desenvolvimento rural, também na reforma agrária e na garantia dos territórios dos povos tradicionais, inexistentes neste governo, fruto do golpe de 2016. Sobretudo, testemunhamos a iminente volta do Brasil ao mapa da fome. Reconhecemos que só não vivenciamos tanta mortalidade no Semiárido brasileiro como há décadas, em função da conquista das politicas sociais implementadas durante o seu Governo e da Presidenta Dilma.

Mas viemos aqui, falar de esperança e fé, sentimentos que nutrimos como sertanejos e sertanejas, e que nos movem. Sabemos da sua força e resiliência e por isso, trazemos no peito o reconhecimento por seu empenho e compromisso ético e histórico com as causas e transformações sociais no nosso país. 

Temos consciência do seu papel fundamental na mudança da paisagem do Semiárido, antes visto como lugar de miséria, pobreza e incapacidade para um lugar de fartura, de um povo altivo capaz de construir estratégias para conviver com o seu lugar. Trazemos o nosso sentimento de resistência, fruto do aprendizado cotidiano do povo do Semiárido que se reinventa, reposiciona e hoje se constitui como sujeito de sua história.

Levaremos nosso clamor até Brasília, onde construiremos uma agenda política, buscando denunciar todas essas mazelas, encerrando uma jornada de treze dias e mais de quatro mil quilômetros percorridos pelo nordeste, sudeste, sul e centro-oeste.

Sinta o nosso afeto, nosso abraço, nosso carinho, nossa oração e gratidão!

Nunca esqueça que estamos sempre com você.

“É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!”

Caravana Semiárido Contra a Fome

Edição: Diego Sartorato