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Saúde

Com promessas não cumpridas, Saúde pública do Paraná está doente

Em 2017, Richa investiu na Saúde praticamente o valor mínimo exigido pela Constituição

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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Servidoras protestaram contra tentativa da Secretaria da Saúde de cortar alimentação para trabalhadores com jornada de oito horas
Servidoras protestaram contra tentativa da Secretaria da Saúde de cortar alimentação para trabalhadores com jornada de oito horas - Marcio Mittelbach

Em quase oito anos de gestão, o governador Beto Richa construiu apenas um hospital - em Guarapuava. Na última segunda-feira (2), ele re-inaugurou o hospital de Telêmaco Borba, na região dos Campos Gerais. No final de 2010, esse mesmo hospital foi inaugurado pelo ex-governador Orlando Pessuti (MDB), mas não atendeu nenhum paciente por falta de estrutura. Richa passou toda a gestão prometendo a inauguração do local que foi projetado para atender 200 mil usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de sete municípios.

O governo investiu na Saúde praticamente o valor mínimo exigido pela Constituição: em 2017 foram apenas 12,07%, enquanto a lei obriga pelo menos 12%. Desse valor, cerca de R$ 51 milhões foi aplicado no Hospital Militar e outros R$ 180 milhões no Serviço de Assistência ao Servidor (SAS) que atende apenas os servidores estaduais e dependentes.

Terceirização

A gestão de hospitais por meio da Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (Funeas) está entre as principais críticas feitas pelo sindicato dos servidores da Saúde, o Sindsaúde. O projeto de criação da Funeas foi aprovado pela Assembleia Legislativa em 2014, em meio à polêmica. Para os trabalhadores do setor, a medida significa a terceirização dos serviços públicos de Saúde, que deveriam ser administrados pelo governo estadual.   

Já no final de 2016, quatro hospitais passaram a ser geridos pela Fundação. Um deles foi o Centro de Reabilitação Hospitalar, localizado no Cabral, em Curitiba. Segundo Elaine Rodella, integrante da direção do Sindsaúde, a secretaria estadual de Saúde vendeu a ideia de que a Fundação privada “daria mais agilidade e mais qualidade ao trabalho”, num cenário em que apenas 25 dos 80 leitos estavam em funcionamento. No entanto, apesar da gestão da Funeas, os mesmos 25 leitos continuam em funcionamento.

Redução do número de servidores

Em 2016, o governo propagandeou que nomeou em quatro anos 1.973 servidores para trabalhar na saúde, desconsiderando o os profissionais que se aposentaram ou foram exonerados. De acordo com os dados do Relatório Anual de Gestão, em 2011, quando Richa assumiu, a Secretaria de Saúde tinha 9.569 servidores, já em dezembro de 2017 o número caiu para 8.552, ou seja, uma redução de mais de mil funcionários.  

Edição: Ednubia Ghisi e Júlia Rohden