Paraná

Déficit

Previdência paranaense tem rombo de quase R$ 7 bilhões

Especialistas alertam que, em até 18 anos, Fundo não terá recursos para pagar todas as pessoas aposentadas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Regime de previdência próprio dos servidores paranaense atualmente tem metade do valor necessário para sustentabilidade do fundo
Regime de previdência próprio dos servidores paranaense atualmente tem metade do valor necessário para sustentabilidade do fundo - Comunicação APP

O ataque aos manifestantes que protestavam no Centro Cívico de Curitiba - e que deixou 213 pessoas feridas - não foi a única violência promovida pelo governo do Paraná no dia 29 de abril de 2015.

Enquanto educadores e educadoras eram atacados pela polícia com bombas de gás lacrimogênio e tiros com bala de borracha, deputados da base governista aprovavam o projeto de lei nº 252/2015, que permitiu a retirada de aproximadamente de R$ 140 milhões por mês da ParanáPrevidência.

Quase três anos depois, cerca de R$6,1 bilhões foram retirados do Fundo Previdenciário dos servidores paranaenses, de acordo com dados levantados pelo economista Cid Cordeiro, assessor do Fórum das Entidades Sindicais (FES).

Além disso, a contra partida patronal de inativos e pensionistas também não está sendo feita.  São mais de R$ 304 milhões que não foram pagos pelo Estado. Com a soma da dívida da taxa de administração do fundo e créditos a receber, estima-se que, nestes três anos, a ParanáPrevidência acumule R$ 6,7 bilhões a menos. O fundo que cobre 106 mil servidores paranaenses deveria ter atualmente R$ 14 bilhões, está com a metade do valor.

Cordeiro alerta como dado revela ameaças ao futuro da previdência dos servidores paranaenses.“Este é um fundo criado para ter uma solvência [sobrevivência] de 30 anos. Se continuar do jeito que está, de 15 a 18 anos o Fundo não terá recursos suficientes para pagar os aposentados”, destaca.

Segundo o economista, a estimativa é que, dos 106 mil servidores paranaenses, apenas 60% se aposentarão daqui a 10 anos.

Violência

No dia da aprovação da lei, em 29 de abril de 2015, mais de 30 mil pessoas protestavam contra a proposta em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, quando foram atacadas por policiais da tropa de choque. Duzentas e treze pessoas ficaram feridas.

O barulho de tiros de balas de borracha e de bombas de gás não impediu a continuidade da votação no plenário da Assembleia: o projeto foi aprovado por 31 votos a 20. 

O Estado do Paraná tem respondido judicialmente pelas agressões contra os manifestantes. A APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná ajuizou mais de 200 ações judiciais. Quase três anos depois do massacre, cerca de 50 decisões foram favoráveis, condenando o Estado a indenizar os educadores.

Edição: Franciele Petry Schramm