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PR | Periferia é sede da resistência, diz organizador de sarau na Consciência Negra

5º Sarau Periférico ocorreu na ocupação Dona Cida, na CIC, e homenageou o Dia da Consciência Negra

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
O público lotou o espaço interno e os arredores da tenda montada na ocupação, e entoou seu protesto ao som dos rappers MV Bill, Negra Gizza
O público lotou o espaço interno e os arredores da tenda montada na ocupação, e entoou seu protesto ao som dos rappers MV Bill, Negra Gizza - Malik Marcelino

A semana da Consciência Negra foi celebrada com muitas batidas de rap e crítica social na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no Paraná. O estilo hip hop, que representa a voz das comunidades marginalizadas no Brasil e no mundo, deu o ritmo à tarde deste domingo (19) na ocupação Dona Cida. O público lotou o espaço interno e os arredores da tenda montada sobre o palco, e entoou seu protesto ao som dos rappers MV Bill, Negra Gizza, DMN, Renan e Di Função.

Essa foi a quinta edição do Sarau Periférico. “Num momento político de avanço do conservadorismo e de conformismo com a situação do Brasil, esse sarau vem agitar a periferia, que ainda é a sede da resistência”, explica um dos organizadores, o advogado Renato Freitas.

Renato Freitas (Foto: Malik Marcelino)

Para o rapper MV Bill, as comunidades periféricas têm um papel decisivo no apoio à cena do rap e no fortalecimento das culturas que representam vozes negras. “Hoje, com a internet, o rap está à disposição de todo mundo. E só vamos saber que existem grupos na nossa quebrada se a gente for procurar. Em vez de escutar só Snoop Dog, devemos procurar e ouvir nossas músicas também”, propôs o rapper.

Mulheres na cena

A apresentação da rapper Nega Gizza foi um dos destaques do evento. De postura empoderada, sua atuação na cena musical como mulher negra representa a importância da diversidade no rap brasileiro. Para a jovem estudante Brinsan Ferreira N'tchala, que assistia aos shows, tão importante quanto as mulheres se colocarem é os homens aprenderem a respeitá-las. “Tem que descer desse lugar de machão, de ficar achando que é o ‘foda’, de agir com violência. Se os homens aprenderem a escutar as mulheres – e escutar de verdade, com o coração – 90% dos problemas da periferia vão acabar”, alertou a jovem.

Mulher te quem cantar o que quiser, o que o coração diz que é pra gente cantar – Nega Gizza

Nega Gizza, autora de hits como Prostituta e Filme de Terror, disse que concorda com Brisan. “Ela expressou muito do que eu penso. A gente tem que querer ouvir, dar oportunidade à mulher que está cantando e dialogando”, expôs, logo antes de assumir o palco e fazer machismos e racismos desmoronarem com seu vozeirão.

Nega Gizza (Foto: Malik Marcelino)

“Não tem essa de ouvir música só pra dar uma força. É tão rap quanto o que os homens fazem. Mulher te quem cantar o que quiser, o que o coração diz que é pra gente cantar”.

Edição: Ednubia Ghisi