Paraná

ENTREVISTA

Falange Azul: uma torcida “contra o futebol moderno”

Torcida organizada do Londrina foi criada em 1992 e tem cinco mil membros

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
“Antigamente, se dizia que mulher e arquibancada não combinavam. Isso é papo furado”, disse Marcelo Benini, presidente da organizada
“Antigamente, se dizia que mulher e arquibancada não combinavam. Isso é papo furado”, disse Marcelo Benini, presidente da organizada - Divulgação/Falange Azul

Marcelo Benini, presidente da organizada do Londrina, fala sobre televisão, violência e participação feminina. Confira os melhores momentos da entrevista concedida do Brasil de Fato Paraná:

Brasil de Fato Paraná - A Falange Azul se posiciona “contra o futebol moderno”. O que isso significa?

Marcelo Benini - Primeiro, significa que nós somos contra o encarecimento do futebol, de maneira geral. Ingressos caros, produtos caros, água a cinco reais dentro do estádio... Também questionamos o fato de os clubes estarem cada vez mais reféns das emissoras de TVs, que marcam jogos em horários sem condições. No meio de semana, sete horas da noite, que não dá nem tempo de sair do trabalho; ou jogos depois das dez da noite, o que também dificulta, e é só para atender ao interesse da TV.

Qual a postura de vocês em relação à violência nos estádios?

A violência é um tema muito complexo. A gente vive numa sociedade que, por si só, é violenta. E o futebol está integrado à sociedade. Um menino que convive diariamente com a violência acaba praticando atitudes violentas no estádio também.

O que vocês têm feito para quebrar esse preconceito?

Nós buscamos, primeiro, orientar os membros da torcida. Conversamos muito sobre esse assunto, apostamos nesse princípio de conscientização do nosso pessoal. A gente entende que uma boa forma de combater a violência é não manter a galera ociosa. Formamos vários departamentos, e cada um fica responsável por uma coisa, cada um tem sua função dentro da torcida.

Como você avalia a participação das mulheres na Falange Azul?

Nós temos um Comando Feminino, e o primeiro grande trabalho que elas têm feito é trazer mais mulheres para dentro da torcida. Antigamente, se dizia que mulher e arquibancada não combinavam. Isso é papo furado. Nós temos 5 mil sócios, e elas representam de 10 a 15% da nossa torcida. Elas ficam responsáveis pela organização de eventos, de ações sociais, e têm mostrado mais tato do que nós, homens, no comando e na organização dessas ações.

Edição: Ednubia Ghisi