Paraná

Violência

Protesto pede boicote ao Torto Bar após dono agredir jovem negra

Testemunhas relatam que Magrão agrediu mulher com um soco no rosto

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Manifestantes entraram no bar com cartazes escritos "Foi um Soco", em alusão à violência cometida. O dono ficou em silêncio o tempo todo.  - Giorgia Prates

Frequentadores do O Torto Bar, um dos mais conhecidos do centro de Curitiba, estiveram presentes em um ato organizado pela internet em repúdio à agressão cometida pelo dono do estabelecimento, Arlindo Ventura, contra uma jovem negra. O protesto aconteceu nesta quarta (5), um dia após a agressão. Manifestantes entraram no bar com cartazes escritos "Foi um Soco", em alusão à violência cometida. O dono ficou em silêncio o tempo todo. Ao longo do dia, em entrevistas na imprensa, Ventura não confirmou a denúncia de agressão.

Na noite desta terça (4), em uma confusão, Ventura - que é popularmente conhecido como "Magrão" - partiu para agressão física e desferiu um soco na cliente com quem discutia. Segundo depoimentos de testemunhas, a mulher tentava ir ao banheiro e foi impedida. Outras pessoas chegaram a dizer que ela começou a gritar que estava sendo impedida por racismo. Imagens internas do local  também revelam exaltação e um copo de cerveja atirado por parte da vítima.

Relato de Testemunhas 

Pretícia Jeronimo, presente no ato desta quarta, disse que frequenta o bar há mais de dez anos, mas não irá mais. Ela também presenciou a agressão da noite anterior. "Ele [Magrão] deu um soco no rosto dela. Quando eu vi, a confusão estava armada, ela gritava que ele tinha sido racista e ele empurrando ela para fora do bar. Várias pessoas tentando separar, tudo estava quase contornado quando ele saiu de dentro do bar, longe das câmeras do bar e deu o soco". Para Pretícia, "independente do grau de exaltação dela, ela estava só gritando, tinha metade do tamanho dele".

Giovana Piragine, também presente na noite da agressão, explicou que "a mulher queria usar o banheiro masculino e eles começaram a brigar. Depois disso, o mesmo cara foi racista com ela e ela ficou nervosa e jogou um copo no chão. Levaram ela para fora do bar e nisso o dono do bar saiu atrás dela e deu um soco na cara da mulher. Ela, em momento algum, estava jogando copos nos clientes. Ela levou um soco e estava sangrando".

No evento organizado pela internet, ao longo do dia, antes da manifestação, vários posts foram escritos relatando o caso e também outros atos de violência cometidos por Magrão contra clientes, moradores de rua e contra casais homossexuais. Na noite da agressão, o dono do estabelecimento foi levado à delegacia, assinou um termo circunstanciado e foi liberado. Nesta quarta, Magrão abriu o bar normalmente no momento da manifestação.

A mulher agredida está sendo acompanhada por advogadas e ainda não irá falar com a imprensa. Na tarde desta quarta, ela já esteve na Casa da Mulher Brasileira para denunciar a agressão e concederá uma coletiva para imprensa nos próximos dias.   

Resposta do dono do bar

A equipe do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com Arlindo Ventura, para saber o que ocorreu entre ele e a cliente. O mesmo solicitou que os questionamentos fossem enviados à sua advogada, Dra Giovana Antunes de Melo. As perguntas foram enviadas via WhatssApp. Melo solicitou que entrássemos em contato com uma segunda advogada, Dra Luciana Vaz Adamoli, que respondeu o seguinte:

"A acusação envolvendo o nosso cliente Arlindo Ventura será detalhadamente esclarecida na ação judicial já iniciada, inclusive com a oportuna apresentação de testemunhas presentes no momento do fato e aptas a detalhar o que ocorreu. As medidas judiciais cabíveis estão sendo tomadas para a solução do caso".

Edição: Lia Bianchini